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SOBRE SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA


Por Aline Braga

Ao longo de toda a etapa de desenvolvimento humano aprendemos através de modelo (quando vemos ou ouvimos alguém agindo de determinada maneira) ou por resultados (quando aquilo que se fez resultou em algo muito positivo para o que se buscava).

O suicídio também é um comportamento, assim como dormir muito na adolescência acontece de maneira repetitiva. Está certo que quando se fala do comportamento de dormir muito há de se considerar as mudanças fisiológicas nesta fase (incidência de quantidades diferenciadas de hormônio por exemplo), mas também dormir muito pode representar o alívio em evitar lidar com muitas coisas novas e não saber por onde começar, faz sentido?

Pois bem, é muito comum nos dias atuais os pais sentirem-se exaustos porque atualmente os pais tem um papel diferente dos pais de antigamente. Com a atualidade os pais têm deveres, obrigações e autocobrança diferente da época dos avós dessa geração por exemplo. Atualmente, a maior parte dos pais, subsidiam os filhos da vida escolar, da vida social, do transporte, da alimentação e isso de uma maneira intensificada. Antigamente os filhos ficavam solteiros apenas até o final da conclusão dos estudos do ensino médio ou até antes. Atualmente como tem sido? A maior parte dos pais mantêm seus filhos até a conclusão do ensino superior ou além disso.

Devido a essa mudança é legítimo o sentimento da maior parte dos pais sentirem-se exaustos em dedicar muito aos seus filhos em todos os aspectos do crescimento, e por isso não encontrarem razões justas para explicar, por exemplo, o porque seu filho não encontra sentido na vida ou porque não está feliz. O resultado disso muitas vezes é não perceber o momento em que o filho cogita suicídio.

Já o adolescente moderno vem sendo desenvolvido em um ambiente altamente competitivo em que ao mesmo tempo que ele precisa apresentar bons resultados em tudo o que se faz, também necessita evidenciar através das mídias sociais a sua satisfação e gozo pela vida, o que muitas vezes não é real. Isso não ocorre porque não tem motivos para ser feliz, mas ocorre muitas vezes porque como em toda fase de mudanças e adaptações para aprender a lidar com elas necessitamos encontrar soluções para questões com as quais não sabemos lidar. No entanto, um adolescente protegido pelos seus pais e pelo seu meio pode não ter desenvolvido repertório criativo suficiente para encontrar alternativas ao se deparar com seus sofrimentos. Assim, tudo o que vai aprender (através de modelo ou resultados) é muitas vezes por meio da internet e dos meios de comunicação que mais oferecem respostas rápidas, correto?

Quando procuramos uma receita de alimentos, dificilmente estamos dispostos a ir conversar com alguém que já passou por aquela experiência, buscamos na internet e o resultado aparece em segundos em qualquer lugar que estiver.

O sentimento de tristeza é um sentimento natural do ser humano, ele significa que estamos perdendo alguma coisa. Muitos adolescentes podem sentir esse sentimento porque está fechando um ciclo da infância, em que haviam outras atividades a se fazer, outras pessoas em sua convivência, e isso é natural para todos. O que é diferente é a maneira como cada um aprende a achar as soluções para seus sentimentos e a superação deles.

É necessário cada vez mais estimularmos:

1. O desenvolvimento da criatividade, na busca de soluções e estratégias positivas. Em encarar o medo como ele é (abstrato... ele é uma construção da nossa mente, portanto não é real). Com o medo não se pode tirar “selfies”, correto? Por isso, se organizarmos nosso interior conseguimos vencer barreiras exteriores.

2. A Acreditar que o tempo bom é aquele que é necessário para o alcance da meta, pois com a modernidade quase tudo que fazemos precisa apenas de um clique do dedo e está concluído, mas pensamentos e sentimentos devem ser trabalhados de maneira constante, eles não aparecem e desaparecem instantaneamente, é preciso treinar. Assim como a tarefa de aprender a ler e escrever leva tempo e precisa de um mediador, sentimentos e pensamentos também necessita de um mediador e de uma construção baseada na dedicação de tempo.

3. A ser capaz de assumir o que está sentindo e dividir com alguém. Uma das riquezas que se tem em trabalhos em grupo é justamente isso. Quando dividimos com um grupo ou alguém a nossa volta, muitas coisas parecem ter mais chances de solução. Surgem novos insights e ideias que proporcionam darmos um novo significado a algo que antes parecia impossível.

Para a PNL, o ser humano é um ser fantástico, com habilidades e capacidades infindáveis para mudar qualquer estado mental e emocional. Para aprender a usar o melhor do nosso potencial o que precisa ser realizado é o treino mental e emocional que ressignifica as experiências e gera novas possibilidades de comportamentos. Afinal há excelência na humanidade e se é possível para alguém, é possível para qualquer outra pessoa. Se há alguém que já passou pela mesma situação e lidou de maneira diferente, há uma chance para qualquer pessoa!


Aline Corrêa Braga - CRM/SP 137.535

Médica graduada pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória em 2008, concluiu a Residência Médica em Psiquiatria pela Universidade São Francisco, Bragança Paulista. É membro da Associação Brasileira de Psiquiatria com Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência (UNIFESP) e Aperfeiçoamento em Psiquiatria da Infância e Adolescência (UNICAMP). Extensão em Clínica Psicanalítica da Infância- A Clínica do Bebê e da Criança Pequena, UNICAMP. Em 2014 concluiu Treinamento em Psicoterapia Breve Psicanalítica no SAPPE (Serviço de atendimento psicológico e psiquiátrico a estudantes) da UNICAMP.

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